Uma parte importante do processo de informatização das Redes de Saúde é entender que a informatização é meio e não fim, ela existe para viabilizar uma melhor assistência para o cidadão e uma gestão mais eficiente da rede por parte dos gestores. Esta afirmação parece óbvia, mas tenho presenciado, e não é só na saúde, diversos processos onde as questões tecnológicas ganham tal dimensão que se tornam mais importantes que os objetivos iniciais. Por isso é tão importante a definição clara dos objetivos a serem alcançados. Além de um guia importante em todas as fases futuras, reduzirá a possibilidade da tecnologia superar o cidadão ou a gestão em importância durante o processo.
O Brasil é um país plural, que apresenta uma grande diversidade cultural e o sistema de saúde reflete esta pluralidade e diversidade, pois encontramos redes de saúde em todas situações possíveis entre o caos completo e um serviço digno, humanizado e que cumpre com louvor seu papel na sociedade. Em geral os sistemas de saúde estão no meio termo: diria que são razoáveis, operando com dificuldade, mas operando, pois existem dificuldades de informações, recursos de toda ordem, pessoas e processos.
A informatização da saúde vai contribuir com a solução das dificuldades de informação e processos, então o município deverá solucionar os problemas de recursos e pessoal antes de começar a pensar em informatização, ou na pior das hipóteses durante, mas nunca deixar para depois, pois não é possível se pensar em uma rede informatizada que não tem médicos e profissionais de saúde para prestar o atendimento, ou as unidades possuem uma estrutura de operação completamente inadequada.
Partindo do pressuposto que as dificuldades de pessoal e estrutura estão equacionadas, ou em vias de, começamos a pensar na informatização e vem a primeira pergunta: Por onde começar?
Com isso voltamos aos objetivos, e acredito que alguns bons objetivos iniciais são:
- Criar o cadastro único dos cidadãos;
- Acompanhar o cidadão no uso dos recursos da rede;
- Proporcionar um melhor acompanhamento da saúde dos cidadãos para melhorar a prevenção;
- Controlar o acesso a rede de média e alta complexidade através da regulação do acesso;
- Controlar a referência e contra-referência;
- Implantar protocolos de atendimento que viabilizem um melhor acompanhamento da saúde dos cidadãos;
- Criar o Prontuário Único dos Cidadãos; e
- Obter informações para melhor direcionar os processos de gestão.
Com certeza outros surgirão, e após acordarmos a lista completa de objetivos entramos na fase 2: Priorização.
Considerando que os recursos são limitados e a necessidade é grande, precisamos escolher por onde começar a desenhar nosso projeto, e como “administrar é fazer escolhas”, temos que começar a priorizar.
Roberto Gordilho
Diretor de Sistemas de Saúde Pública da MV - www.mv.com.br
www.robertogordilho.com.br
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