domingo, 21 de março de 2010

3. Liderança

Dentre os dez ingredientes essenciais para a estabilização da crise, um que geralmente recebe bastante atenção é o relacionado à liderança. A primeira grande dúvida é quem vai liderar o processo de recuperação. Cada especialista tem uma opinião e não existe uma resposta simples. Sabemos, contudo, que se a empresa ou suas partes interessadas errarem nesta escolha, as conseqüências poderão ser desastrosas.

O que torna a questão da liderança tão importante é a clara percepção de que o sucesso ou o fracasso no destino de uma empresa é normalmente atrelado a uma personalidade, seja do gestor da recuperação ou da consultoria especializada. É mais conveniente para as pessoas acharem que podem responsabilizar um único culpado, buscando simplicidade em relação às considerações necessárias para redirecionar e transformar radicalmente uma empresa. Da mesma forma, quando a empresa ou o processo de recuperação fracassam, é mais fácil ter um vilão para levar a culpa.

Cada situação de recuperação é diferente e espera-se que a análise das causas do fracasso e a identificação dos requisitos necessários para realizar a intervenção estratégica ajudem a modelar o time de gestão adequado para liderar e conduzir a empresa durante a recuperação.

A escolha da personalidade certa para liderar a recuperação é naturalmente responsabilidade do conselho de administração ou dos sócios controladores. Contudo, quando uma empresa está em crise, os bancos ou outras instituições financeiras podem pressionar pelas mudanças na direção. No caso de uma crise severa em que a insolvência passa a ser considerada uma opção, estes poderão até mesmo impor à empresa um líder de sua confiança como pré-requisito para continuar recebendo apoio financeiro.

As principais características dessa personalidade são:

  • consideráveis habilidades de liderança;
  • flexibilidade, capacidade de ouvir e rever posições;
  • habilidade e iniciativa para tomar decisões rápidas com uma base mínima de dados e de análises;
  • capacidade analítica e de rapidamente estabelecer prioridades;
  • visão equilibrada de curto e de longo prazo;
  • coragem para tomar decisões impopulares;
  • alta integridade;
  • experiência em conduzir a mudança em períodos ou cenários difíceis; e
  • instintos empresariais de insatisfação com o status quo.

Além disso, precisa ser:

  • um rigoroso controller;
  • um facilitador capaz de liderar e estimular o potencial criativo dos empregados;
  • um bom negociador;
  • capaz de trabalhar sob pressão;
  • um administrador firme e decidido, que conhece bem seus objetivos e é capaz de superar todos os obstáculos em seu caminho; e
  • autoconfiante, com mente e espírito independentes.

Hélder Uzêda Castro
Consultor de Negócios da Lex Consult - www.lexconsult.com.br
Consultor de Gestão Empresarial da Oficina de Empresas

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