domingo, 25 de julho de 2010

Quando a atividade de Relações Públicas (RP) torna-se profissão no Brasil


Uma profissão só se torna institucionalizada quando é reconhecida sua função social específica, capaz de assegurar a unidade e a continuidade do grupo na sociedade em que atua. Compreende-se, desta forma, por profissionalização um processo de transformação de uma atividade em profissão, pela atribuição de certos direitos, deveres e funções designadas a todos os que a exercem. A profissionalização, portanto, equivale à institucionalização.

A transformação da atividade de Relações Públicas em profissão ocorreu graças a um grupo de estudiosos que acreditaram e se preocuparam com o problema da valorização a área, buscando atingir os requisitos mínimos necessários para essa profissionalização, a saber: legal e social, ensino e pesquisa, existência de órgão de classe e bibliografia necessária para embasá-la teoricamente.

Assim, pode-se empreender o seguinte resumo dos acontecimentos:

• A profissão de RP tem o reconhecimento legal e da sociedade, uma vez que é uma atividade de interesse público, com legislação específica, disciplinada pela Lei nº 5.377 de dezembro de 1967. O Brasil foi o primeiro país no mundo a conseguir uma regulamentação legal em todo território nacional. Hoje, essa profissão é regulamentada também no Panamá e no Peru.

• O primeiro curso universitário de RP foi criado em São Paulo, pelo Decreto Estadual nº. 419 de 16 de julho de 1966 que instituiu a Escola de Comunicações Culturais da Universidade de São Paulo, atual Escola de Comunicações e Artes. Hodiernamente, existem em funcionamento 43 faculdades espalhadas pelo Brasil. O desenvolvimento da pesquisa e da produção científica comprova o acerto do ensino ministrado no Brasil, mas muito ainda há de ser feito fora dos banco universitários. No nível de pós-graduação stricto sensu estão em funcionamento 2 Cursos, um da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e outro no instituto Metodista de Ensino Superior em São Bernardo do Campo.

• A existência das entidades de classe é uma realidade: Associação Brasileira de Relações Públicas, com sua Câmara Superior Permanente, Diretório Nacional e catorze seções Estaduais, fundada em São Paulo em 1954; Conselho Federal e seus sete Conselhos Regionais de Profissionais de Relações Públicas; 5 sindicatos de profissionais de RP e a Associação Brasileira de Empresas de Relações Públicas, além da recém-criada Federação Nacional dos Profissionais de Relações Públicas.

• A bibliografia de Relações Públicas está classificada como a segunda maior do mundo. Em 1962, era publicado o primeiro livro escrito por um brasileiro, que procurou adequar as atividades de RP à realidade nacional, o qual foi o Para Entender Relações Públicas de Teobaldo de Andrade.

• A Associação Brasileira de Relações Públicas promoveu até hoje um grande número de congressos, conferências, seminários, semanas, em quase todos os estados brasileiros, o que contribui para a institucionalização e para o aperfeiçoamento e atualização profissional.

Apesar disso tudo, as RP ainda precisa impor-se nas organizações e fazer relações públicas de si mesma com os administradores e gestores das organizações. Estes precisam entender o profissional de Relações Públicas como um dos co-responsáveis que é pela política administrativa da empresa no tocante à estratégia comunicacional dessa. Este profissional tem a responsabilidade de criar e manter condições efetivas de diálogo entre os públicos de interesse e a empresa; construir relacionamentos duradouros entre esses públicos e a instituição; e construir imagem e reputação organizacional consistentes.

Professora Dra. Marta Cardoso de Andrade
Consultora em Comunicação Organizacional

Link do Currículo do Sistema de Currículos Lattes - CNPQ